Por Miguel Tavares

O Concílio Vaticano II recordou-nos que, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (Gaudium et Spes, 1).
Será que as nossas comunidades são verdadeiramente cristãs ou apenas religiosas? As comunidades são espaços de acolhimento libertador, que fazem a diferença na vida das pessoas, de cada um de nós? Serão, também, lugares de esperança e de promoção da dignidade da pessoa humana? Na Igreja todos devem ser bem-vindos, independentemente de sua história ou condição. Essa inclusão é fundamental para que a Igreja seja um reflexo do amor e da compaixão de Jesus. Menos julgamentos e mais misericórdia!
Acredito que seja necessário esvaziarmo-nos de muitos ritos e tradições, que já pouco ou nada nos dizem, e deixarmo-nos enamorar pela frescura do evangelho de Jesus, como se pela primeira vez fosse. Se esses ritos e tradições não nos transformam é bem provável que estejam a mais. A nossa fé tem um rosto, Jesus Ressuscitado e se isso não nos renova, não nos “incomoda” o coração, não nos desafia, algo está mal. Quando tenho que tomar alguma decisão, faço-o à luz da fé ou será que existe um divórcio entre fé e vida?
Além disso, a Igreja deve estar atenta às mudanças na sociedade, envolver-se em ações solidárias, promover a justiça social e cuidar da nossa “casa comum”. A Igreja deve-se abrir sempre ao Espírito Santo e não ter medo em querer renovar estruturas pesadas, muitas vezes vazias de Cristo e cheias de egos. Que seja uma Igreja mais vivencial e menos ritualista.