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Um pai não se escolhe, ama-se. O pai é simplesmente aquele que aprove a Deus conceder. [Com isto, não me detenho a julgar situações ultradedicadas de filhos abandonados ou violentados de formas reprováveis. São situações extraordinárias com consequências insondáveis.] Salvo isto, um pai, com mais ou menos defeito, é uma dádiva que se aceita com simplicidade e amor. Idem para o Papa.
A única vez que pude ver o Santo Padre (e que no caso era o Papa Francisco) não foi em nenhum encontro especialmente privado, em alguma audiência particular ou coisa que o valha. Vi-o simplesmente no meio da multidão da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Recordo somente isto: no momento de maior proximidade física ao Santo Padre, grossas lágrimas formaram-se nos meus olhos e escorriam-me copiosamente pela face. Soluçava. A gratidão por ser cristão e o afeto filial inundaram o meu coração.
Na minha cabeça ecoava: “É Pedro! É Pedro!”. Não é quimera quando se diz que Jesus não nos deixou sozinhos. Quis constituir-nos como uma família para nos ampararmos a caminho da Pátria eterna. E não somente isso, deixou um pai de família para garante da unidade e segurança da nossa fé. Não somos simplesmente uma igreja pneumática, mistérica, invisível, etérea (sem negar nada disso) mas encarnada, visível e firme.
Concluí então, já não por raciocínio teológico, mas pela experiência de ver Sua Santidade naquele ambiente contagiante, que pertencia a um corpo muito maior do que eu, uma multidão imensa que ninguém pode contar (Cf. Ap 7, 9), que mesmo dispersa pelo mundo não perde a sua imensidão, nem a força dos laços espirituais. Neste momento há santos vivos algures no mundo! E também grandes pecadores, como eu, mas todos nós, invariavelmente necessitados da seiva vital da graça que nos une. E na foto de família – todas as famílias têm uma que tiram no Natal – está sentado na cátedra um ancião, Patriarca e chefe de toda a família – é o Papa.
Fátima e a situação atual do Santo Padre
As profecias, não raro, têm múltiplas aplicações. Tal como São João Paulo II se reviu parcialmente na descrição da mensagem de Fátima, também se revêm vários elementos concretizados no pontificado do Papa Francisco. Com isto não pretendo estabelecer uma correspondência unívoca e contundente – “o segredo de Fátima refere-se ao Papa Francisco”. Não se trata disso. Mas há que constatar que há notáveis afinidades que nos convidam a redobrar o fervor da nossa própria conversão.
Recordemos a Quaresma de 2020: o Papa Francisco, qual “bispo vestido de branco”, atravessou a praça de São Pedro em oração em direção a um crucifixo (quadro este muito semelhante à 3ª parte do segredo). E não é menos relevante o facto de ter sido o primeiro Papa que consagrou a Rússia de forma explícita ao Imaculado Coração de Maria em união moral com os bispos de todo mundo (25/03/2023). Em pleno jubileu da esperança, estes sinais proféticos alentam o desejo de paz e de conversão da humanidade. Num mundo tão confuso e dilacerado pela discórdia e pelo erro, ressoa uma vez mais aquele anúncio – “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Um triunfo misterioso que ainda não vemos, mas do qual podemos estar certos.
Mas contrariamente ao “bispo vestido de branco” do segredo, espero em Deus que o Papa Francisco recobre as suas forças. De qualquer modo, o que pretendo concluir é que a provação presente está enquadrada no plano da Providência Divina.
Para os incrédulos de Fátima, que alegam tratar-se de mera “revelação privada” notem que nesta releitura, nada mais faço do que explorar algo que o próprio Jesus já predissera a Pedro com outras palavras (Cf. Jo 21, 18-19).
Permita Deus que Sua Santidade recobre a sua saúde e viva longamente para honra e glória de Deus e bem da Santa Igreja.
«Ó meu Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.»
por Afonso Silveira