Jacob Vasconcelos e Nelson Pereira, ambos finalistas do sexto ano do Seminário de Angra, vão ser ordenados sacerdotes em julho e Novembro, em Santa Cruz das Flores e Angra do Heroísmo, respetivamente.
Com 23 anos, foram ordenados diáconos no passado dia 8 de dezembro no Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Angra e são dois dos quatro seminaristas, numa comunidade de 20, que não são de São Miguel.
Jacob Vasconcelos é oriundo de Ponta Delgada das Flores e Nelson Pereira de São Mateus da ilha Terceira, sendo neste momento os alunos mais antigos do Seminário. Serão o 57º e 58º sacerdotes diocesanos ordenados desde 1996, respetivamente
“Há uma grande esperança de que estes diáconos, amanhã sacerdotes, sejam homens sintonizados com o mundo para poderem servir à maneira de Jesus Cristo, sendo sacerdotes do seu tempo e no seu tempo”, disse o bispo de Angra no dia da sua ordenação diaconal.
Para o reitor do Seminário, que os tem acompanhado desde sempre, ambos constituem “uma certeza firme” para a instituição.
“Além de serem rapazes muito bem preparados e com grandes capacidades intelectuais, já os vejo amadurecidos e como futuros colegas, são um incentivo porque a forma como vivem a vocação e a maneira amadurecida como reagem perante as coisas constituem um incentivo para todos, e estou certo de que serão uma mais valia para a diocese” refere o Pe Hélder Miranda Alexandre.
“São pessoas com muitas qualidades pessoais, intelectuais e humanas que podem enriquecer a diocese, que bem precisa”, salientou o reitor que não esconde que se trata de um momento “alto para o Seminário, mas também para a Diocese”.
Jacob Vasconcelos é uma das referências entre os alunos do Seminário, não só pelo seu aproveitamento escolar mas também pelo carisma. Afável, sorridente e com uma energia inesgotável, quando se passa com ele na rua, parece que conhece meio mundo e arredores. De uma enorme disponibilidade, está no Seminário há 8 anos. Chegou à Casa com 15 para frequentar o secundário, com a “certeza” de que queria ser padre. Desde pequeno que brinca como se já o fosse. Diz quem conhece o seu baú das recordações que até estolas, em miniatura, tinha no seu armário.
Jacob Vasconcelos, hoje com 23 anos, é um dos jovens mais preparados para o sacerdócio sem deixar de ser um jovem comum, atento ao mundo e ao que gira à sua volta, generoso e sempre próximo. Ainda assim, na entrevista que deu ao Sítio Igreja Açores aquando da sua ordenação diaconal dizia que gostaria de cultivar mais a sua disponibilidade para com os outros porque “a obra ainda vai pouco acima dos alicerces pelo que há muito a fazer”. Gostava de ver mais “respostas generosas e comprometidas”, sobretudo dos jovens e afirma que o “ardor de evangelizar” com a sua vida é que lhe vai tirar o sono.
“Sou de personalidade inquieta e enérgica por natureza, pelo que julgo que, para além das preocupações do dia-a-dia, irá incomodar-me, no sentido mais positivo do termo, a necessidade de levar o Evangelho às pessoas, pela Palavra, pelos Sacramentos, pela minha atitude coerente de vida e por todos os meios possíveis e necessários que estiveram ao meu alcance”, frisou.
Já Nelson Pereira, mais reservado e comedido nas palavras, dedica uma particular atenção á música. Organista litúrgico, um dos poucos em actividade na ilha Terceira, conhece o órgão da Sé de Angra como poucos e fala da música como um exemplo da beleza da oração, através da qual o povo expressa a sua súplica e o seu louvor a Deus. É músico desde os 10 anos, altura em que acolitava na paróquia de São Mateus, em Angra, de onde é natural e aprendeu as primeiras palavras do catecismo. Hoje, com 23 anos, vai levar a palavra de Deus a quem mais precisa. Mas, “mais do que a palavra e a pregação, que são deveras importantes, é necessário evangelizar com o exemplo” garante o jovem que será ordenado em setembro na Sé de Angra. Talvez por isso diga, com todo o entusiasmo, que gostava de “contribuir para uma civilização do amor”. Líder de um grupo de Jovens, dos muitos que existem na ilha, organizou no último ano um ramalhete espiritual dos jovens terceirenses para o Papa Francisco, a quem louva pela coragem de dar a apalavra aos jovens, através do agendamento de um sínodo sobre a relação entre os jovens e a igreja.
“Confesso que às vezes custa-me ver da parte da Igreja, dos seus ministros, mas também dos leigos, algum desapreço pela juventude e pelos seus potenciais. A juventude tem muito para dar, mas temos que falar a sua linguagem, temos que apresentar a mensagem de Jesus de forma a dizer-lhes alguma coisa. É necessário que os jovens vejam na Igreja aquele rosto de Jesus bom, alegre e compassivo. Temos ainda muito por fazer neste aspecto!” adiantava numa entrevista recente ao Sítio Igreja Açores.
Ambas as ordenações serão presididas pelo bispo de Angra, D. João Lavrador que assim mantém a tradição do seu predecessor de fazer as ordenações de forma descentralizada.