O PADRE DEVE SER…
1. Apaixonado por Jesus
O padre deve ser um verdadeiro apaixonado por Jesus, procurando-o imitar, no seu dia-a-dia. Que a jaculatória tão popular “Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso” guie todo o caminho de conversão de qualquer cristão, mas principalmente dos sacerdotes. Ao contrário dos hipócritas, na sua oração, não faça questão de ser visto pela sua comunidade (“A discrição é o perfume de todas as virtudes”), mas ao ser visto (eventualmente) convide, indiretamente, o seu rebanho a imitá-lo, a exemplo do verdadeiro Mestre, que também se retirava para orar.
2. Anunciador do Evangelho
Na sua comunidade, não seja o padre o único conhecedor e possuidor da Boa-Nova de Jesus Cristo e de todo o conhecimento em matéria religiosa, respetivamente, mas seja ele, por excelência, aquele que orienta o santo povo para o seu Deus, através da Palavra, a exemplo do Bom e Eterno Pastor, Jesus Cristo, que nos leva ao Pai.
3. Testemunha do Evangelho
Que o padre não seja apenas anunciador, mas sobretudo testemunha daquilo que anuncia. “Crê o que lês, ensina o que crês e vive o que ensinas”: que estas palavras, proferidas na celebração da ordenação diaconal, guiem-no, não só enquanto diácono, mas sobretudo na vida sacerdotal. “Uma grama de exemplos vale mais que uma tonelada de conselhos” (provérbio popular), portanto, mais facilmente, o sacerdote conseguirá cativar o seu povo com o seu exemplo de vida, do que com sermões requintados.
4. Próximo do seu povo
Desde o primeiro instante, não seja o padre considerado alguém estrangeiro, imigrante, alguém isento do pecado e da fragilidade; mas seja visto, como um homem, a quem Deus chamou para O servir e à sua Igreja. Que o padre procure estar em contacto com a sua comunidade, não só e apenas nas celebrações litúrgicas, mas também em convívios, em cafés, espaços culturais e procure se inteirar dos movimentos/ forças vivas daquela freguesia. A par das alegrias e tristezas, vividas na Igreja, lugar de comunhão com Deus e com os irmãos, que o padre procure também acompanhar o seu povo, nos momentos bons e menos bons daquela localidade, como por exemplo: numa festa, promovida pela Junta de Freguesia; mas também num funeral (evitando só chegar perto da hora da celebração exequial). Portanto, que o padre demonstre a sua presença humana.
5. Zeloso espiritualmente
De toda a pastoral a desenvolver numa paróquia, que o sacerdote/ pároco dedique tempo ao cuidado espiritual do seu rebanho, e procure sensibilizar os paroquianos, para esta necessidade espiritual. Assim, mostre-se disponível, para acolher, ouvir e aconselhar, através do sacramento da penitência e da direção espiritual. Para além disso, no sacramento da Eucaristia, se possível diariamente, ofereça o sacrífico da Santa Missa, pelas intenções do povo a ele confiado. Deste modo, procure-se satisfazer esta sede espiritual, que muitos sofrem, já que “nem só de pão vive o homem…”
6. Fraterno
Pelo sacramento do batismo, tornamo-nos todos irmãos e filhos muito amados de Deus, procurando imitar o seu amor misericordioso. No sacramento da ordenação, que não anula o batismo, os sacerdotes são inseridos numa “família”, cujo membros partilham da mesma vocação: o serviço a Deus e ao próximo. Assim sendo, que o padre viva e demonstre fraternidade para com os seus irmãos, no ministério. Apesar da fragilidade humana dos irmãos no sacerdócio, procure-os amar, “alargando o seu olhar” e imitando o coração transbordante de amor do Eterno Sacerdote.
7. Formador
Na paróquia, seja o sacerdote o principal catequista, que forme o santo povo de Deus, para que viva autenticamente e esclarecidamente a sua fé. Assim, e se possível, em conjunto com as paróquias vizinhas ou ouvidoria, promova formações, relacionadas, por exemplo, com as Sagradas Escrituras, com a liturgia e com outras áreas de pastoral, que necessitem de atenção, esclarecimentos e formação. Só assim, conseguiremos ter uma Igreja, onde os leigos participem, conscientes do seu importante papel na comunidade.
8. Simples e aberto
Em todas estas ocasiões referidas anteriormente (confissão, direção espiritual, eventos culturais, convivência em locais de lazer e convívio, etc), que o padre demonstre simplicidade e abertura para o diálogo, ao jeito de Jesus Cristo, de coração manso, humilde e aberto a todos. Que o sacerdote, muitas vezes, tenha a capacidade de se sacrificar, diminuindo-se para que Cristo apareça; e ainda, se mostre aberto a “todos, todos, todos”, colocando preconceitos, orgulhos, soberbas e ideologias pessoais, de parte.
9. Líder e não chefe (privilegiar o papel dos leigos na Igreja)
Envolvido por uma constante caminhada sinodal, que o padre não emita ordens e o povo obedeça; mas sim, através de organismos, como o Conselho Pastoral Paroquial, com os leigos, delinhe um programa pastoral, que satisfaça a maioria. Portanto, que o pároco não seja um líder, mas um coordenador; não se impunha, mas se propunha. A Igreja não são só os padres! Uma comunidade paroquial não é constituída por padres; mas por leigos, guiados espiritualmente por um sacerdote.
10. Amar o seu povo, apesar da fragilidade humana
Ao decidir seguir a vida sacerdotal, que o padre procure verdadeiramente amar o povo que Deus lhe confiou, através do Bispo diocesano. À semelhança de Jesus Cristo, não feche a “porta” aos que falharam: para além do pecado, da falha, da fragilidade, há uma pessoa que precisa ser amada. “O amor ao próximo não deixa queimá-lo nos seus fracassos; deixa um espaço para o crescimento e amadurecimento”. Assim como Deus nos dá a possibilidade de sempre recomeçar, sejam todos os cristãos e os sacerdotes, em particular, capazes de suportar e amar, confiando e esperando este recomeço e crescimento do nosso irmão.
David Carreiro
Aluno do Propedêutico
1. Amar a Jesus e ao Próximo
Como nos diz o maior mandamento da Igreja: “Amarás a Deus sobre todas as coisas, como ao próximo e a ti mesmo”, o Padre também deverá seguir esta linha de pensamento, pois amando a Deus, ele acredita e crê no amor que nos foi transmitido por Deus, Amor esse que o levou até à morte, para nossa Salvação. Jesus ao morrer na Cruz demonstra o amor que tinha por nós, ao dar-nos a salvação e ao entregar por amor a nós a sua Mãe como nossa Mãe, como verificamos em João 19, 26-27, “Ao ver Sua Mãe e junto d’Ela o discípulo que Ele amava, Jesus disse à Sua mãe: «Mulher, eis aí o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis aí a tua Mãe»”. O padre, como Jesus, tem de amar o rebanho a ele confiado, proclamando os ensinamentos e a conversão ensinada por Cristo, demonstrando assim que vive em comunhão com Cristo.
2. Ser a Imagem de Cristo na Terra
O padre não pode achar-se ser melhor que o seu próximo. Ele deve sim agir e ser um homem igual ao que Jesus ensinou, com a sua passagem pela Terra. Ele não pode ser o “Chefe” da Igreja, aquele que só sabe mandar, mas sim ele tem de viver a vida para servir. Mas, também, o padre não pode estar sobrecarregado de tudo, ou seja, o povo não deve de mandar o padre fazer tudo, mas sim deverá ser uma união de esforços de ambas as partes. Como maior ensinamento deixado por Jesus, temos o ato do Lava-Pés na Última Ceia: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também. Em verdade, em verdade vos digo, não é o servo mais do que o seu senhor, nem o enviado mais do que aquele que o envia» (Jo 13, 13-16).
3. Humilde
Os Padres não nascem aprendidos nem sem pecados, eles são homens iguais aos outros, erram igual a qualquer pessoa, mas, cada padre, quando erra, deve de ter a capacidade de assumir que errou, pedir perdão e melhorar, para que na próxima consiga melhorar. É necessário para o padre ser humilde pois, ao ser humilde ele demonstra que sabe que errou, e demonstra ao povo que devemos de assumir sempre que erramos.
4. Preocupado com o seu Rebanho
O padre deve estar preocupado com o povo a ele confiado, demonstrando sempre preocupação pelo bem estar da comunidade, e tentar sempre manter a união entre o seu povo. “Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso; E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lc 15,4-7)
5. Obediente ao seu Bispo
O padre quando é ordenado, durante a sua ordenação assume reverência e obediência ao Bispo da Igreja diocesana a que pertence. Durante o seu ministério deverá sempre ter em conta essa obediência para que se encontre ligado ao seu pastor.
6. Ser ouvinte
O padre deve de saber ouvir os seus paroquianos, dialogando sobre os problemas que tenha que resolver da paróquia, e tentar sempre pôr em prática o que ficou decidido perante o que ouviu e dialogou com os seus paroquianos.
7. Ser bom Conselheiro
Perante as dúvidas colocadas pelos seus paroquianos, o padre terá que saber aconselhar sempre pelo melhor, para que tudo corra bem. Perante situações difíceis, ele tem de ter sempre o cuidado de não responder algo que coloque em dúvida as pessoas, mas sim que resolva os seus problemas, para que não afaste o rebanho da sua paróquia, pois às vezes as pessoas não estão preparadas para ouvir opiniões do próximo, mesmo pedindo essas mesmas opiniões.
8. Ser organizado
O padre deverá ter a sua organização bem feita, para que não sobreponha afazeres, e não diga sim a algo, sem saber se já se encontra ocupado, para que não aconteça chegar ao dia e não aparecer ao que tinha prometido. Também deve de ser organizado de ideias, para que o seu rebanho não entre em dúvida sobre o que foi dito. Manter sempre a decisão e pensamento dito anteriormente.
9. Transmitir a fé em Jesus
O padre mesmo que se encontre em dias tristes, ele não deverá transmitir essa tristeza perante os seus paroquianos, para que não os leve à dúvida. Ele deverá demonstrar que mesmo estando em baixo, tem fé em Jesus, e essa Fé faz com que acredite sempre que irá melhorar. Quem tem Fé em Jesus, coloca sempre a sua vida nas mãos de Deus, pois sabe que pode sempre contar com a sua ajuda e companhia perante todas as adversidades, e é isto que ele tem de transmitir ao povo, que se têm Fé, acreditem que tudo irá melhorar, e que Deus não desampara.
10. Ser amigo e presente
O padre deve ser amigo dos seus paroquianos, demonstrar afeto faz com que eles sintam carinho por ele, e claro irão sempre gostar da sua presença. Um padre presente mostra que sente carinho, afeto e preocupação pela sua comunidade, demonstra que gosta de estar presente na vida do quotidiano da comunidade, de se envolver e fazer amizades saudáveis com os seus paroquianos.
Hugo Rafael Taveira Sousa
Aluno do Propedêutico