«Levanta-te, a tua fé te salvou» (Lc 17, 19). Como nos revela o Novo Testamento, a fé e a enfermidade são duas realidades que se encontram interligadas. As curas de Jesus são sempre resposta à fé do enfermo, que, embora debilitado, manifesta uma adesão à mensagem de Cristo e à sua pessoa, uma confiança inabalável no seu poder salvífico e libertador.
A real condição humana de debilidade faz com que o ser homem atravesse crises e períodos de maior fragilidade na sua vida. A doença é uma realidade quase sempre inevitável, que conduz o enfermo a momentos de dor, aflição e angústia. Não é algo que se deseje, mas faz parte da humanidade e hostiliza o homem de variadas formas e em diversos graus.
Tanto a doença física como psíquica não permitem que o homem se realize plenamente: causa mazelas, inseguranças e incertezas. Enfraquecido, o «ser homem» (o ser capaz) é inundado do sentimento de impotência. O homem quer salvar-se, quer libertar-se das amarras que o fazem sofrer, mas por vezes não o consegue utilizando apenas a sua própria força.
A fé é uma ajuda imprescindível no momento de enfermidade; permite que o doente, e também todos aqueles que o acompanham nesta luta, encarem a realidade com serenidade e paz interior. Esta fé, que é acreditar, confiar e esperar, permite enfrentar o drama com coragem e pujança, fazendo com que a doença não se apodere da firmeza do enfermo. «A fé gera uma atitude de sossego, de confiança, etc., que opera curativamente ou que favorece a cura.» (K. Rahner)
Quando, pela resposta da fé, a cura e o retorno ao estado de saúde acontecem, estamos perante aquilo que na Sagrada Escritura é denominado por milagre (ação salvadora de Deus). Os milagres manifestam o poder de Deus e também a sua primordial missão: salvar o homem inteiro. Os milagres operados por Jesus implicam a fé como condição para a sua eficácia. Esta mesma fé apresenta-se como caminho que conduz à cura e salvação do homem na sua integridade. A ação libertadora está pautada pela intervenção da graça de Deus e pelo acolhimento livre e disponível por parte do homem. «A tua fé te salvou. Vai em paz.» (Lc 7, 50).
Leonel Fidalgo Vieira, 6º ano