Pelo segundo ano consecutivo não haverá novos alunos
O Seminário Episcopal de Angra inicia o novo ano lectivo 2022/2023 na próxima quarta-feira com a comunidade discente mais pequena de sempre: 10 alunos.
“Nós estamos com o número mais baixo de alunos de que há memória- dez alunos repartidos por três turmas do segundo, quarto e sexto anos. É, por isso, um momento de reflexão pois trata-se do segundo ano seguido sem novos alunos e isto deve constituir um sinal para a diocese” avança o reitor, padre Hélder Miranda Alexandre.
“É preciso fazer mais pela pastoral vocacional, cada um nas suas comunidades, para se ver como se pode dar a volta a isto”, enfatiza lembrando que a questão da falta de vocações haveria de chegar mais tardo ou mais cedo aos Açores.
“O decréscimo da participação religiosa, no geral, já nos dava esta indicação e por isso era uma questão de tempo” refere o responsável que não deixa, contudo, de sublinhar que “é preciso arregaçar mais as mangas e fazer mais pelas vocações”. No entanto, alerta, “temos de esperar pela chegada do novo bispo para em conjunto se refletir e tomar as decisões mais adequadas”. E, lembra: “este é um projecto de toda a igreja diocesana e não só de alguns”.
Prossegue também este ano o segundo da formação de diáconos permanentes.
O Seminário Episcopal de Angra foi inaugurado no dia 9 de Novembro de 1862 no Convento de S. Francisco de Angra, passados 328 anos da fundação da Diocese. Dava-se assim cumprimento à norma tridentina e ao desejo do clero quanto à fundação de um Seminário nesta Diocese.
No entanto, já um século antes D. Frei José da Avemaria, bispo de Angra, exigia que “sem a competente certidão de frequência, aproveitamento e capacidade dos pretendentes, não podiam ser admitidos às Ordens, neste bispado…”.
Volvidos 160 anos o Seminário Episcopal de Angra, formou diversas gerações de alunos. E, daqui saíram sete bispos e praticamente todos os sacerdotes açorianos. O reconhecimento do trabalho do Seminário foi de resto feito a nível nacional com a atribuição da Insignia da Ordem de Mérito pelo Presidente da República, para além da Medalha de Ouro do Município de Ponta Delgada e do Diploma de Reconhecimento, da Câmara de Angra do Heroísmo, por ocasião do 150º aniversário.
Por outro lado, foi a principal e única escola de formação superior de centenas de homens, que influenciaram a cultura e a sociedade açorianas.
Antes da criação da Universidade dos Açores, esta era a única Instituição de ensino superior do Arquipélago.
À sombra do Seminário nasceu o Instituto Açoriano de Cultura, que promoveu as Semanas de Estudo dos Açores, um dos momentos mais altos de reflexão política, social, cultural e económica dos Açores e alguns dos fundadores da própria Universidade ensinaram no Seminário.
O esforço por uma formação de qualidade constitui, de resto, um dos distintivos desta Instituição.
A reafirmação permanente de que o Seminário é o “coração da diocese” encontrou sempre eco nos diferentes prelados.
In Igreja Açores