O amor tudo vence

O mundo é maravilhoso, cheio de coisas agradáveis e de pessoas fantásticas. Mas, por vezes, a vida pode ser um autêntico cenário de guerra, onde a luta parece ser a única hipótese de salvação. As dificuldades são tantas que parece impossível que as consigamos superar. As crianças pintam o céu de azul, contrastando com um radioso sol amarelo: é assim que elas olham a realidade que as circunda. E ainda bem! É esta alegria, a das crianças, que devemos carregar nos ombros sob a forma de cruz. O Evangelho não é, senão isso: a alegria do amor, que tudo vence!

Nicole é uma amiga minha que me ensinou muito, e ainda ensina! Tem cancro há alguns anos. Para ela, não existem dias cinzentos, apesar da doença. A sua vida é revestida das mais claras e límpidas cores, com que vai pintando a tela da sua vida. Nicole ensinou-me que os dias cinzentos dependem de nós: é o nosso optimismo, e o amor que damos e recebemos, que pautam as cores que vamos usar na nossa paleta para pintar o mundo ao nosso redor. Somos nós que escolhemos a cor do céu, do sol, das ervas, das pessoas. As cores não são estanques e não temos todos de pintar o sol da mesma cor. Isto porque é o amor que coordena e escolhe as cores que devemos usar para ir pincelando a nossa vida, deixando um rasto de tinta para trás, que vai secando, permanece e dá testemunho. Cores alegres dão testemunho de uma vida repleta de amor.

Atrevo-me a perguntar: que cor tem o amor?

Talvez me atrevesse a responder que o amor tem todas as cores, porque o amor está em todo o lado e em todas as coisas. O amor é tão extraordinário que dá cor às coisas que não têm cor, como um sorriso, um abraço, um aperto de mão, um simples “olá” ou um simples “Bom Dia”.

Nicole ensinou-me a ver pormenores esplêndidos! Ensinou-me a não deixar passar cada segundo do nosso tempo ao lado! Ensinou-me a agarrar aquilo que realmente interessa e lutar pelos nossos sonhos, a cada minuto. Aquilo que a torna mais feliz é ver e fazer os outros felizes! Ao amor, responde-se naturalmente com amor.

Se a gratidão é o único tesouro dos humildes, então eu diria que a gratidão é o tesouro das almas mais nobres! A Nicole foi um tesouro que eu encontrei para a minha vida, através da sua amizade, das suas palavras e, sobretudo, da sua boa disposição!

Acho que não existe nenhuma doença insuportável: tudo se torna suportável quando temos alguém que amamos ou que nos ama. Deus sempre está lá, amando-nos, mesmo que não reparemos n’Ele. Estarmos felizes reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor. Deus “duplica” infinitamente a nossa alegria e, por isso, torna-nos infinitamente capazes de suportar tudo aquilo que é mundano.

Talvez estejamos tão cegos e ofuscados pela ideia de um deus-grandeza que nem reparamos que os anjos de Deus são, precisamente, aqueles que habitam ao nosso lado e que até lhes desejamos “bom dia”: são eles, todos os doentes, todas as pessoas que estejam sós, todas as pessoas que foram abandonadas, os marginalizados, os ridicularizados, etc…

O papa Bento XVI, a 14 de maio de 2010, dirigia-se aos doentes, dizendo: «As fontes da força divina jorram precisamente no meio da fragilidade humana. É o paradoxo do Evangelho. Por isso, o divino Mestre, mais do que demorar-Se a explicar as razões do sofrimento, preferiu chamar cada um a segui-Lo, dizendo: “Toma a tua Cruz e segue-me” (Mc 8, 34).»

Deixo aqui uma mensagem a todos os leitores: sejam o amor, o fermento que os outros precisam encontrar para as suas vidas. Sejam sinal de esperança no meio de uma sociedade sem esperança. Sejam sinal de luz no meio das trevas. Sejam sinal de saúde no meio da doença. Sejam sinal de Deus no meio de todos aqueles que precisam de O encontrar.

A forma de olhar o mundo depende apenas de nós. A forma de pintar e tracejar uma tela depende apenas de nós. A forma de trilhar um caminho depende apenas de nós: somos nós que escolhemos, não o que a vida nos traz, mas a maneira como decidimos viver aquilo que ela apresenta!

Nicole ensinou-me que, com Deus, não existem dias cinzentos. E Deus, ensinou-me a amá-los.

Pedro Carvalho

6º Ano

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