“Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.”
Esta estrofe deu início à sequência lida após a leitura II de domingo passado, onde celebrámos a solenidade do Pentecostes. Em todo o poema, podemos observar o pedido eminente para que este Espírito desça à terra e entre em nossos corações com o propósito de Deus vir em nosso auxílio e de Cristo estar sempre connosco como tinha prometido. Na minha freguesia, tínhamos por costume cantar este poema durante a coroação, o que tornava o momento bastante comovente. É por isso que todos os anos sinto uma nostalgia dos meus tempos de infância em que, ao chegar da escola, íamos a correr para o Império para ouvir rezar o terço e já sabíamos que a seguir a brincadeira entre amigos era certa. A sexta-feira tinha um aroma inexplicável a hortelã, uma vez que, era colocado sobre os “molhos da carne”. Sábado era dia de foliar pela freguesia e fazer a “visita do Espirito Santo” a cada casa mas a minha única preocupação era correr com os amigos para a próxima casa. Enfim, o grande Domingo era uma mistura da maior felicidade, por ser o dia de levar a bandeira, como era da maior tristeza, pelo facto de ser o último dia da festa.
O que torna esta festa peculiar é exatamente o facto de todas as ilhas possuírem uma tradição diferente na realização da mesma, desde as 7 semanas até ao tão esperado Domingo de Pentecostes. Durante este tempo, sou capaz de afirmar que as “línguas de fogo” descem sobre cada um de nós, açorianos. O poder do Espírito une a comunidade, e é capaz de fazer todos chegarem às celebrações desde a procissão, à missa, à coroação até às sopas, ao baile e principalmente, ao convívio. Em cada ilha, as celebrações diferem e a ilha das Flores não é exceção. Nesta minha ilha em cada freguesia notamos diferenças, isto é bom, é enriquecedor e mostra-nos como o Divino é capaz de estar em todos os lados com o mesmo propósito, mas de maneira diferente! Apesar dos costumes distintos, o objetivo é o mesmo: venerar a terceira pessoa da Santíssima Trindade. É desta maneira que Ele acende na terra a Sua luz fulgente, através do amor. Este amor inigualável e infindo que nunca nos abandona!
Mário Jorge
1º Ano