O Seminário Episcopal de Angra vai voltar a acolher alunos a partir do 10º ano como forma de acompanhar o seu “discernimento e crescimento espiritual precocemente” como estratégia para contrariar a falta de novos alunos.
A decisão foi tomada esta quinta feira pelo conselho de professores, que esteve reunido no Seminário para planear e definir aspetos relacionados com a abertura de mais um ano letivo.
A medida só produzirá efeitos a partir do ano letivo 2016/2017 mas é vista como “um passo para contornarmos algumas dificuldades que se prendem com o facto de durante o secundário os rapazes mostrarem algum interesse em integrar o Seminário mas depois, concluídos os exames de 12º ano, por influência da família ou dos amigos, acabam por se inscrever na faculdade e abandonar a ideia de ir para o Seminário”, disse ao Sítio Igreja Açores o reitor, Cónego Hélder Miranda.
De acordo com o responsável os alunos que iniciem o secundário e queiram ingressar na Casa podem fazê-lo, mantendo-se no entanto no ensino regular até completarem o 12º ano.
“Já aconteceu no passado e não tivemos maus resultados porque aprendem a viver em comunidade, são acompanhados no seu discernimento e aprofundamento espiritual e vão tendo uma vivência que se aproxima mais daquela que julgam ser a sua vocação”, adianta ainda o Reitor.
Este ano o Seminário reabre para mais um ano letivo registando apenas uma entrada- um jovem da Freguesia de Castelo-Branco, no Faial.
“É porventura um dos números mais baixos de sempre de alunos na instituição o que nos deve causar alguma perplexidade mas não nos deve desanimar”, diz o responsável lembrando que não é a primeira vez que o Seminário vive dias difíceis.
“Na década de 70 houve um redução drástica do número de alunos ; ainda assim, os responsáveis não desanimaram e hoje continuamos com a mesma força de vontade”, diz o Cónego Hélder Miranda Alexandre.
“Esta situação deve servir de inspiração e motivação a um trabalho ainda mais árduo da pastoral vocacional, mas sobretudo da Diocese que deve envolver-se nesta missão”, refere o responsável pelo Seminário Episcopal de Angra.
Aliás, lembra o sacerdote, “quando o Seminário teve mais alunos isso não se traduziu em maior número de ordenações, bem pelo contrário”. Só nos últimos 20 anos foram ordenados na diocese 54 presbíteros, o que dá uma média de mais de dois novos padres por ano “o que está muito acima da maioria das dioceses”, sublinha o Cónego Hélder Miranda Alexandre.
Para este ano letivo, a equipa formadora continua a apostar no aprofundamento e crescimento espiritual dos seminaristas, acompanhando, simultaneamente, o seu estudo e formação intelectual “procurando evitar distrações”.
Durante o ano letivo, o Seminário vai igualmente empenhar-se na publicação de uma revista cientifica, “um dos requisitos mais sublinhados pela Universidade Católica para a acreditação do plano de estudos com vista ao reconhecimento do grau académico dos alunos que terminam o Seminário”, que tem para já um conselho redatorial liderado pelo reitor;pelo prefeito de estudos, Pe Júlio Rocha;pelo Cónego João Maria Mendes e pelo professor Sérgio Toste. Além disso, está prevista uma revisão do regulamento Interno do Seminário.
“Nós não vamos desistir desta aposta numa formação integral dos nossos alunos e vamos continuar com o mesmo entusiasmo procurando que aqui se formem bons sacerdotes, nas suas várias dimensões humana, espiritual e intelectual”, concluiu o Reitor.
O primeiro trimestre começa dia 21 e acaba no dia 18 de dezembro, seguindo-se a época de exames.
No dia 24 de janeiro o Seminário e a Diocese vão estar em festa com a ordenação presbiteral do diácono Gaspar Pimentel, que está a auxiliar a equipa sacerdotal do Pico, e a ordenação diaconal de Pedro Lima, o único aluno do sexto ano. Nessa altura, serão instituídos no ministério de leitor os seminaristas do quinto ano Jacob Vasconcelos e Nelson Pereira.