A palavra crise intensificou-se no nosso vocabulário quotidiano nos últimos anos, mas num sentido mais económico.
Contudo, a maior crise que vivemos neste século é a falta de comunicação, a falta de diálogo − o que nos une − um individualismo a que chamamos de «crise de interpretação».
Tudo isto fruto da cultura que nos rodeia, uma cultura de ambição, onde não importa o que somos, mas sim o que temos, o ter em detrimento do ser: os bens materiais e até mesmo os títulos adquiridos. Uma pessoa ao adquirir um título muitas vezes muda o trato com os seus semelhantes, como se esta tivesse tornado uma pessoa diferente daquilo que era antes de receber tal título.
Esta cultura de consumismo, do «bem-estar» pessoal/individual torna-nos egoístas: só pensamos em nós próprios e na forma de termos o máximo de prazer, no que podemos «ter» e não no que podemos «ser».
Deixamos de ter disponibilidade para os outros. Isto sim deveria ser o fundamento da nossa vida porque nos chamamos de cristãos. Mas será que o somos de verdade?! O lema que Cristo nos deixou foi: «Amai-vos uns aos outros». Todavia, a nossa falta de humildade não nos permite tal lema, o outro pouco interessa perante a nossa ambição de grandeza…será que essa ambição vale a pena?
Só encontramos resposta a esta pergunta diante d’Aquele que poderia ter sido o maior rei do mundo e ter tido todos os reinos deste mundo a seus pés, mas que tudo recusou. Este verdadeiro exemplo de humildade diz-nos tudo…o estilo de vida que devemos adotar, só Ele nos serve de guia. Diante deste exemplo de doação e de amor, todos os bens materiais e todos os títulos, tanto académicos, profissionais ou até mesmo sociais, perdem o sentido; arrisco-me a dizer mesmo que não têm valor nenhum. Por isso tenhamos coragem de ser diferentes nesta sociedade onde vivemos, de arriscarmos a remar contra a maré. Só assim marcaremos a diferença neste mundo frio e ambicioso onde vivemos.