Nestes dias o calendário religioso apresenta-nos duas das mais populares devoções do povo açoriano, Nossa Senhora de Fátima e o Senhor Santo Cristo dos Milagres. As circunstâncias que vivemos não nos permitem ir em peregrinação aos seus santuários por meios físicos, mas temos a oportunidade de reaprender o sentido duma peregrinação. Aproveitando o mote proposto pelo Santuário de Fátima proponho uma breve reflexão sobre esta forma diferente de peregrinar.
Imensas são as razões que nos levam a empreender uma peregrinação, promessas, agradecimento de graças, súplicas, experiência de Encontro com Deus ou com os seus Santos. Uma peregrinação é sempre uma oportunidade de configuração com Cristo, que também foi peregrino sobre esta terra. Peregrinar é partir rumo ao desconhecido, não no sentido de que possamos ou não conhecer o destino, mas que cada vez que nos propomos à saída do ambiente de conforto, partimos sem saber o que acontecerá. Cada peregrinação que fazemos fisicamente, é sempre um local de surpresa. Quanto mais se o fizermos física e espiritualmente. Pois corre-se o risco de fazermos longas caminhadas a pé sem chegar a fazer um encontro íntimo com o Senhor. Porque sem espiritualidade a nossa peregrinação pode se tornar num mero passeio turístico.
Este é o tempo favorável, o Kairós, que nos é oferecido para que façamos uma avaliação de todas as peregrinações que fizemos, curtas ou longas, vendo em cada uma delas se se conseguiu uma união com o Criador. Buscando entre aqueles caminhos que agora não podemos percorrer os sinais de Deus, as interpelações feitas por Ele ao longo da caminhada. É também o tempo de aprendermos a viajar com o coração, com o nosso, no do Cristo e no de Maria. Quiçá não será mais proveitosa para nós esta peregrinação do que todas as que já efetuámos? Aproveitemos para redescobrirmos e reaprendermos a peregrinar. Não esquecendo que somos peregrinos aqui, nesta terra, desejando alcançar o destino final, o Céu. Não esquecendo que temos Mãe e que ela diz a cada um de nós, tal como disse a Lúcia: “Não, filha, eu nunca te deixarei, o meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.
Dinis Toledo
1º Ano