Parábola do Bom Pastor
(João 10,11-18)

Quem é este homem?
Quem é este homem, vindo de longe,
que atravessa as nossas montanhas e os nossos vales,
as nossas planícies e as nossas florestas,
o nosso presente e o nosso passado.
Quem é este homem, vindo de longe,
cujo passo é lento como o de um pastor
e que segura um cajado em forma de cruz?
Quem é este homem, vindo de longe,
que procura reunir o seu rebanho disperso
e de quem o rosto se ilumina de alegria
quando leva às suas costas ou nos seus braços,
um cinco-reis de gente
que um ladrão lhe tinha roubado?
Quem é este homem, vindo de longe,
cujo coração é uma porta aberta em todas as direções,
mas tão estreita,
que para passar por ela é preciso ser uma criança?
Quem é este homem, vindo de longe,
de quem os pés e as mãos sofreram até ao sangue
e que na encruzilhada dos caminhos, do espaço e do tempo,
levanta cruzes
a fim de que o seu rebanho ao segui-lo
não se perca?
Quem é este homem, vindo de longe,
que chama, ao passar,
um pequeno número de pescadores e de camponeses,
para os iniciar ao mesmo trabalho do que ele:
na escolha das boas pastagens e no cuidado das ovelhas,
as que estão doentes ou feridas,
e transmitir a cada novo pastor
este mesmo cajado em forma de cruz?
Quem é este homem, vindo de longe,
que reúne as suas ovelhas dispersas
pelos quatro cantos de seus sonhos,
perdidas nos nevoeiros e nas trevas,
para as conduzir pelas verdes pastagens,
para uma montanha inundada de luz?
Quem é este homem, vindo de longe,
que me fascinou pelo caminho?