Ao aproximar o sínodo dos bispos sobre os jovens decidi escrever algo sobre os jovens de nossos dias e sobre as famílias.
Muitos adultos e idosos acusam a juventude de nossos dias de andarem por maus caminhos e sem futuro, pois não respeitem ninguém e fazem o que bem entendem.
Se recuarmos no tempo, verificamos que esse problema não vem de hoje nem de ontem, mas que sempre existiu e podemos verificar pelas palavras de Sócrates (470-399 a.C.): “Os jovens de hoje gostam do luxo. São mal comportados, desprezam a autoridade. Não têm respeito pelos mais velhos, se passam o tempo a falar em vez de trabalhar. Não se levantam quando um adulto chega. Contradizem os pais, apresentam-se em sociedade com enfeitos estranhos. Apressam-se a ir para a mesa e comem os acepipes, cruzam as pernas e tiranizam os seus mestres”.
Esquecemo-nos que esses jovens serão o nosso rosto no futuro e que temos de ser um exemplo, se não somos bons não podemos esperar que eles sejam, pois antes de mudar o mundo temos de mudar a nós próprios. Apontar o dedo é fácil, difícil será fazer algo para que isso mude.
Vivemos numa sociedade em que não há tempo, vive-se e anda-se sempre as corridas. Os pais já nem tempo têm para seus filhos, saem de casa cedo e põem os filhos nas creches desde muito novos, ao final do dia vão buscá-los e enquanto preparem o jantar coloquem o telemóvel ou o tablet nas mãos dos filhos para que esses não incomodem. Ao fim-de-semana inscrevem os filhos no desporto e assim ficam entretidos. Ao domingo em vez de acompanhar as crianças à catequese e à missa, deixam eles à porta da catequese ou da igreja e no final da missa vão buscá-los. Esses pais esquecem que é na família que surge o primeiro processo de socialização e são os pais que devem ser os primeiros educadores, e que as crianças necessitam do amor e do carinho de seus pais.
Sobre esse assunto faz-me lembrar uma história de um casal com um filho novo e que vivia com o pai já idoso. A esposa já cansada e sem paciência para tratar do sogro mandou o marido colocar seu pai num lar, fazendo esse a sua vontade. No dia em que o idoso ia para o lar, seu filho ofereceu uma manta para os dias mais frios e o neto vendo isso pediu ao avô metade de sua manta. O pai admirado pergunta-lhe para que quer metade da manta, ao qual a criança responde que será para oferecer a seu pai também quando ele for idoso.
O Papa Francisco numa das suas homilias disse que uma família que reza unida permanece unida, e numa outra homilia nomeou as três palavras-chaves que devemos aprender desde pequenos e levar de casa, que são: obrigado, com licença e desculpa.
Com essa minha conversa não quero generalizar todos os jovens e todas as famílias, porque felizmente existe ainda alguns jovens que sabem respeitar os outros e as regras e sabem muito bem a importância que é viver numa família unida.
É certo que todos temos de trabalhar para nos sustentar e sustentar nossas famílias, mas não podemos esquecer que o tempo passa e os filhos crescem, por isso procuremos tirar um tempo para os filhos e mostrar o amor e o carinho que sentimos por eles.
Fábio Carvalho
5º Ano