Os conceitos de família e comunhão, são importantes no que diz respeito a entender a vida cristã, uma vida em Deus família, em Deus comunhão, em Deus amor. A Igreja é a própria comunhão da vida com Deus, por meio de Jesus Cristo. Desta forma, o amor e união entre os irmãos é o reflexo do próprio amor contido em Deus. Pois bem, a nossa comunhão com Deus torna-nos responsáveis pela construção da nossa própria comunidade, a que nos rodeia, a que fazemos, a que nos acolhe. Mas será que temos, realmente, a noção de que Deus nos faz seus filhos e seus amigos? Será que vivemos conscientes dessa filiação que Deus nos proporciona?
Por amar tanto o mundo e o homem, Deus criou-nos com o instinto natural de amar, mas criou-nos também numa condição de liberdade, natural de quem ama verdadeiramente e que não coloca limites nem cadeias, mas que dá espaço a esta relação. O homem, não fosse ele “homem”, tende a abusar desta relação de liberdade que lhe foi confiada desde sempre. Como homens que somos recorremos frequentemente a Deus chamando-O de Pai, mantendo, desde modo, uma relação amorosa, mas como podemos chamá-l’O de Pai, se nos recusamos a chamar o outro de irmão, e consequentemente, a amá-lo? Esta relação de amor para com o Pai, uma das maiores manifestações da nossa fé n’Ele, está na descoberta deste mesmo amor no outro, no nosso irmão, na nossa comunidade, que tem como consequência a Fraternidade.
Deus coloca ao nosso dispor três principais fontes para alimentarmos este amor e esta fraternidade – a Eucaristia, a Palavra e a Reconciliação. Na Eucaristia, temos oportunidade de encontro com a Palavra e com a Reconciliação, um encontro relacional com Deus através de Jesus Cristo. Far-nos-á pensar – será que comungo destes dons que Deus dispõe para mim de forma a nutrir e gerar fraternidade? Será que o impedimento de gerar uma verdadeira comunidade fraterna não estará no débil relacionamento que tenho com Deus e seu Filho Jesus?
No ato da criação do homem, Deus, sabendo desta fragilidade própria da sua obra, colocou ao seu dispor um manancial de fontes que o permitissem reaproximar da verdadeira fonte de amor. Na Reconciliação, encontramos o conforto, o lenitivo, o ombro daquele Amigo que se dispõe sempre ao perdão.
Somos convidados a levar ao encontro por excelência da comunidade, a Eucaristia, todas estas preocupações, a consciência de estarmos saudavelmente relacionados com Cristo e Deus Pai, e por conseguinte, com o próximo, irmos a este encontro de coração aberto e predispostos a não só ouvir, mas escutar a Palavra viva, e vivermos este encontro em tranquilidade de coração, capaz de abraçar todo e qualquer irmão, apresentando no altar este próprio dom da fraternidade que nos torne dignos de receber o Corpo e Sangue de Cristo, e assim, não darmos por encerrado este encontro semanal, mas sim, dar-mos continuidade a este no culminar de cada Eucaristia, na comunidade, na família, nos meios em que nos inserimos, na Vida.
O que me impede então de ser irmão do meu irmão!?
Fábio Silveira
2º Ano