O Colóquio realizado pela Conferência Vicentina no passado dia 29 de Março revelou-se extremamente profícuo para todos os participantes, facto constatável no fim dos trabalhos, quando, unanimemente, aplaudiram a iniciativa e pediram a sua repetição para o próximo ano. Participaram ao todo quarenta e sete vicentinos de toda a Ilha, além dos palestrantes já mencionados. Os momentos de reflexão conjugaram-se oportunamente com o convívio e partilha de experiências comuns.
Porque, na Igreja, tudo há-de partir da Sagrada Escritura, a conferência realizada pelo Pe. Dr. Ricardo Henriques permitiu que, à luz dos ensinamentos bíblicos, tomássemos consciência da actualidade da pobreza e da prática da esmola. Foi também possível constatar que os problemas verificados hoje são muitos similares aos que eram observáveis nos tempos em que os livros do Antigo e do Novo Testamento foram definitivamente consignados. O palestrante destacou assim a permanente novidade da palavra de Deus, que sempre nos interpela a estar sempre do lado dos mais pobres e débeis da sociedade, como Cristo fez em toda a Sua vida. A missão da Igreja e, concretamente a dos Vicentinos, é a de tornar presente esta caridade e predilecção de Jesus pelos mais pobres. Após um momento de chá e de são convívio entre os confrades, foi tempo de desfrutar da sabedoria da Dra. Mónica Oliveira que, sendo licenciada em Educação Social e tendo experiência cumulada na área, nos abriu novas perspectivas de atendermos e de nos aproximarmos dos que mais precisam, atendendo aos casos de real necessidade e preservando sempre a dignidade que todos merecem ver respeitadas. Não deixou também de chamar a atenção para a urgência de uma acção concertada entre as diversas instituições de assistência, para que a ajuda não seja concentrada em algumas pessoas marginalizando outras que certamente necessitam de assistência a vários níveis e não a têm. Após o almoço, auscultamos a comunicação do Rev. Diácono Luís Rafael Martins do Carmo que, partindo da explanação do contexto histórico de São Vicente de Paulo e do Beato Frederico Ozanam. Fundador das conferências vicentinas, fez-nos perceber a dignidade e a nobreza da nossa missão, que nunca há-de ser entendida como um título de glória mas como um serviço à igreja e ao mundo que nos deve deixar imensamente felizes, por sermos úteis aos outros. Após esta prelecção, as conferências juntaram-se em três grupos distintos, orientadas pelos confrades seminaristas, puderam partilhar a sua reflexão pessoal, num momento único de enriquecimento mútuo. Seguiu-se o plenário, orientado pela Dra. Mónica, onde, além da apresentação de diversas e perspectivas e confronto de ideias, houve tempo para o esclarecimento de dúvida e para a apresentação de soluções práticas a ter em conta nas diversas assistências, para que a acção vicentina seja mais eficaz. Para fechar o dia em chave de ouro, houve o momento da Hora Santa onde, diante do Santíssimo Sacramento exposto, foi possível rezar, meditar, estar em silêncio diante do Senhor e ouvir as sábias palavras de Monsenhor José Nunes que, pela sabedoria dos anos, deixou-nos um testemunho de sabedoria e perseverança na prática no amor fraterno. No fim deste momento celebrativo e orante, foi entregue a cada conferência um pergaminho com o “Hino ao amor” (Capítulo 13 da 1ª Carta aos Coríntios) para que cada conferência possa ter sempre diante dos olhos a primazia do amor fraterno através da meditação de um texto de inestimável valor para quantos entram em contacto com ele.
Um momento pleno de riqueza, na certeza de que, na união e no sentimento de caminharmos no mesmo rumo, revigorámos as forças e reciclamos perspectivas, na certeza de que a aprendizagem constante nos impele a sermos sempre melhores cristãos, homens e mulheres comprometidos com a sociedade hodierna. A missão de um vicentino é a missão de todo o cristão que não se pode descurar da atenção aos seus irmãos.
O presidente da conferência,
Jacob Vasconcelos