D. António de Sousa Braga inicia esta terça feira a primeira visita pastoral ao Seminário Episcopal de Angra desde que foi nomeado Bispo, para promover uma avaliação “minuciosa e rigorosa” da oferta formativa e pastoral da única escola que forma sacerdotes nas nove ilhas dos Açores.
“Sempre acompanhei de perto a vida do Seminário mas a verdade é que nunca fiz uma visita pastoral no sentido formal do termo e, por isso, a dois anos do fim do meu ministério e dado que esta equipa formativa está em final de mandato, decidi ir viver uma semana para o seminário e reunir com professores, sacerdotes, seminaristas e formar a minha opinião sobre o estado da formação sacerdotal na diocese”, disse ao Portal o Bispo de Angra.
A visita do Prelado Diocesano coincide com o fim do mandato da atual equipa formativa- Pe Hélder Miranda Alexandre (reitor), Mons. Cón. Gregório Rocha (diretor espiritual) Pe. Adriano Borges (ecónomo), Pe Ricardo Henriques (secretário) e Pe Júlio Rocha (prefeito de estudos)- e também com as novas diretrizes emanadas do vaticano sobre a necessidade de renovar a formação, sem esquecer o essencial: o Evangelho.
“Nós temos de fazer uma revisão da matéria dada e definir bem como vamos formar pastores porque essa é a principal vocação de um seminário”, acrescenta D. António acompanhando o Papa Francisco na ideia de que “é preciso usar a criatividade para encontrar os caminhos adequados”.
Por isso, o responsável pela diocese de Angra vai reunir com toda a equipa formativa, com restante corpo docente, com os sacerdotes que apoiam o seminário e também com os seminaristas.
“Trata-se de uma visita muito especial” refere o reitor, Pe Hélder Miranda Alexandre, pois “o Seminário é uma instituição muito importante para a vida da Diocese, não é uma paróquia que tenha movimentos, há aqui uma outra dinâmica e outras especificidades que fazem desta visita, uma visita particular”.
Um dos assuntos mais candentes prende-se com o reconhecimento do Plano de Estudos do Seminário por parte da Universidade Católica, num processo que já decorre há algum tempo e “cujo desfecho aguardamos com grande brevidade”, acrescenta o Reitor.
“Do ponto de vista da formação e da idoneidade académica do corpo docente julgo que temos tudo. O problema coloca-se a outros níveis” reconhece o Bispo de Angra que está particularmente preocupado com o número de alunos do Seminário.
O ano começou com 21 alunos, mas no decurso do atual ano letivo já saíram da instituição cinco alunos (dois do primeiro ano, dois do terceiro ano e um do quinto ano).
Uma preocupação “acrescida” reconhece o Bispo e o próprio Reitor, sem no entanto dramatizarem a questão.
“Naturalmente que é necessário refletir mas esta é uma escola de entrada e saída livres e é natural que no momento em que se pedem mais responsabilidades, em que o compromisso com o ministério é maior possam surgir dúvidas e vacilações” explica Hélder Miranda Alexandre que adianta “o peso da responsabilidade futura” como uma das causas mais relevantes para a saída dos alunos.
Para o Bispo esta é uma questão “sensível” mas não antecipa o encerramento do Seminário Episcopal de Angra.
“Neste momento não coloco essa hipótese antes de terminar o meu ministério” disse ao Portal com toda a clareza, no que é acompanhado pelo atual Reitor.
“Apesar dos nossos limites e problemas devemos e podemos continuar a apostar no Seminário” diz o Reitor, lembrando que “sempre houve entradas e saídas no Seminário, que tem na sua história uma grande liberdade de decisão e, por isso, não podemos dramatizar até porque o que acontece muitas vezes é que, a partir do 5º ano as responsabilidades são maiores e a ansiedade em assumi-las também”, acrescenta Hélder Miranda Alexandre, lembrando que “basta um aluno que tem dúvidas sair para outros que estão nas mesmas circunstâncias tomarem a mesma decisão”.
“Esta é uma vocação que requer muito discernimento é natural que muitos dos que aqui chegam tenham vontade de ser sacerdotes e à medida que é feito o caminho possam perceber que afinal não é essa a vocação”, conclui.
O Seminário de Angra tem a responsabilidade de formar os sacerdotes da Diocese e isso constitui “uma mais valia” pois a proximidade pastoral “é uma clara vantagem do Seminário”, embora todos reconheçam que se houver a acreditação do Plano de Estudos, conferindo o grau de licenciatura a quem é ordenado sacerdote possa “ser um estímulo acrescido”.
No próximo dia 11 de maio, domingo do Bom Pastor, serão ordenados dois diáconos na Diocese. São dois jovens seminaristas que neste momento frequentam o sexto ano.
“Apesar de saírem alguns alunos, se conseguirmos manter o ritmo de entradas novas como este ano, conseguiremos garantir sempre um número significativo de ordenações”, conclui o reitor, que foi reconduzido no cargo depois de uma ausência prolongada para defesa da tese de doutoramento em Direito Canónico, em Roma.
A equipa que coordena o Seminário cessa funções no final do ano letivo. O Bispo ainda não decidiu se vai reconduzi-la ou não. Para já, o desafio mais premente é “avaliar a vida do seminário e perceber que aspetos devem ser mudados e quais devem ser estimulados”, conclui D. António de Sousa Braga.
In Igreja Açores