Deus manifesta-se aos homens de diversas formas. Será que nós cristãos sabemos reconhecer Esse mesmo Deus que se entregou por Amor a cada a um de nós? Toda a vida de Jesus foi centrada nos mais frágeis e pobres da sociedade. Como não se apaixonar por esse Homem que desceu até nós, fez-se um de nós e se entregou por nós? Como não se apaixonar por esse Homem que, apesar da nossa infidelidade, não se cansa de estender a sua mão através dos sacramentos, da Palavra, da oração e dos outros? Devemos tomar, na nossa vida, as atitudes de Jesus Cristo: amar como Ele amou, sentir como ele sentiu.
Olhemos para a atitude de Jesus perante a mulher adúltera (Jo 8, 1-11): Os doutores da lei apresentaram a Jesus uma mulher apanhada em flagrante adultério. Tais mulheres, segundo a lei de Moisés, eram apedrejadas. Olhemos, no entanto, para a atitude do Mestre: “Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra”. E “como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!». De seguida, “Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»
Como podemos ver, Jesus não começa a julgar a mulher pelos atos que cometeu, mas tem compaixão. A atitude de Jesus é provocadora, inquietante, mas é uma atitude de Amor. “Jesus inclinou-se para o chão” numa atitude de simplicidade. Põe-se no mesmo patamar da mulher. À vista dos homens, tal mulher devia ser condenada, julgada, humilhada. Esta também pode ser a nossa tentação: julgar uma pessoa pelo que fez, não olhando para o bom que essa mesma pessoa tem para dar. «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!». Todos nós somos feitos da mesma massa, todos nós pecamos, por isso, em vez de julgar devemos escutar, compreender e ajudar. Os fariseus estavam obcecados pela lei. Contudo, Jesus é obcecado pela pessoa, colocando-a sempre acima da lei. Ele olha para o sofrimento da pessoa humana e estende-lhe o braço para a libertar. Jesus é, sem dúvida, a máxima expressão do Amor. O Amor faz-nos viver de outra forma. O amor faz-me sair de mim mesmo para me dar aos outros e não a fechar-me no meu ego, nos meus interesses e caprichos. A nossa opção de vida deve ser Jesus.
Como sentir este amor que enche o nosso coração, que o faz bater mais forte e que nos deixa sem palavras e desconcertados? É o coração que bate intenso na Eucaristia e que me lembra que também devo amar porque “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”. (Jo 15, 13)
Se os fariseus tivessem amor teriam entregado a mulher a Jesus?
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15, 12-17). Esta máxima do amor de Deus que deve ser acolhida e vivida por nós pois se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê (1Jo 4,20).
Deste modo, somos desafiados a ter outra atitude: agir com simplicidade, tendo sempre presente que o Amor que Deus nos tem deve ser espelhado no meu irmão, naquele que mais necessita. Por vezes, um simples abraço faz toda a diferença. Pensemos nisso.
João Silva
3º Ano