A religião dá sentido e, de certa forma, cria um mundo ordenado para os seres humanos, ensinando-os e educando-os, delineando as ideias que têm acerca das suas imagens e dos seus corpos, formando a sua compreensão de mundo, de poder e autoridade, veiculando normas e valores, e incutindo-lhes os seus papéis sociais.
Na verdade, a religião ocupa um lugar privilegiado na sociedade. É considerada como aquela que orienta a nossa vida através de princípios, práticas, doutrinas religiosas e crenças. Contudo, a religião tem a função de agregar os indivíduos à sociedade, enquanto agente de socialização contribui para a manutenção da ordem social atuando com base num código moral, num modelo a ser seguido. De certa forma, faz parte da identidade da sociedade
A Religião, durante um longo período histórico, foi o garante da ordem social. A ordem social é composta por normas e padrões de conduta que regulam o comportamento dos indivíduos. Ela é transmitida no processo de socialização. A ordem social é um conceito vasto, refere-se aos vínculos entre pessoas e instituições que trabalham para manter a estabilidade da sociedade baseada em mecanismos de controlo social que são sustentados por valores, morais e legislativos.
Assim sendo, Charon observa que a ordem social significa que as ações são previsíveis, ordenadas, padronizadas e baseadas em regras. Já para Freud, a ordem é uma espécie de compulsão a ser repetida, que se estabelece em forma de regulamento. Por exemplo, a maioria dos cidadãos concorda que o assassinato é um ato inaceitável e que as pessoas têm que trabalhar para ganhar dinheiro. As nossas crenças são baseadas na moral e nos valores, o que significa que, à medida que as sociedades evoluem, o mesmo acontece com a sua ordem social.
A religião é tida como apoio imprescindível ao homem, mas hoje em dia é vista como apenas um recurso e não um valor. Apenas recorrem à religião aqueles que dela sentem necessidade e não porque acreditam e fazem dela um ideal de vida. Passou a ter a função de preenchimento de um vazio.
Deste modo, é vista como «ombro amigo» nas horas de aperto. A religião deixou de ter controlo sobre a sociedade, porque surgiram novas formas de pensar e viver. Deste modo, deixou de ser vista como aquela que possui a verdade plena e passamos a viver na era do relativismo. Não será o século XXI a era do relativismo? (tudo posso, tudo quero).
Na verdade, “a religião não é mais capaz de reter a conduta desviante dos padrões sociais, com a mesma intensidade”, mas esquecemo-nos de que a religião sempre foi e sempre será importante para as sociedades, mesmo que a secularização ganhe terreno. Por exemplo, os Dez mandamentos (1. Amar a Deus sobre todas as coisas; 2. Não invocar o santo nome de Deus em vão; 3. Santificar os Domingos e Festas de Guarda; 4. Honrar pai e mãe; 5. Não matar; 6. Guardar castidade nas palavras e nas obras; 7. Não roubar; 8. Não levantar falsos testemunhos; 9. Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos; 10. Não cobiçar as coisas alheias), se refletidos à luz da ordem social, são a base de sistemas jurídicos (excetuando alguns como os 3 mandamentos que dizem respeito a Deus). Efetivamente, a religião dominou na Europa por longo tempo, mas hoje não é assim. E, de facto, as sociedades do hoje tendem a esquecer de que muitos dos grandes valores e instituições que existem nasceram por causa da religião, nomeadamente da Igreja Católica.
Na verdade, as sociedades nasceram e cresceram com as suas religiões e cultos, o que mostra que a religião está intrinsecamente ligada aos padrões e valores da cultura de um povo. A religião é uma formadora que transforma a sociedade. De facto, a religião através da história influencia a vida das sociedades no seu modo de pensar e de agir. Religião conduz o homem, pois leva-o a crescer e a desenvolver-se como ser social e humano.
Algumas das principais religiões no mundo são, como se sabe, o Cristianismo, o Islamismo, o Hinduísmo, o Budismo, o Judaísmo. Há até quem considere o Ateísmo como uma forma de religião. Toda esta variedade de religiões, e mesmo outras vistas como seitas, aqui não mencionadas, têm e tiveram um grande impacto na vida da sociedade. Efetivamente, a religião orienta o sentido de vida de muitos homens e mulheres, sendo que, para alguns, a religião está no centro da sua existência. A religião contribui na organização de práticas sociais estabelecendo normas e condutas de vida. A religião define a forma de agir, pensar, educar, etc.
A ordem social serve para garantir a existência coesa da vida em sociedade. Recorre a mecanismos de manutenção dos seus valores nos seres humanos, para garantir a sua coesão e igualdade na forma de agir e pensar, segundo o papel social de cada um. E, para tal, a religião contribuiu para garantir essa ordem social, sendo ela a fonte primordial de transmissão de valores. A religião influencia a nossa maneira de ser, estar e agir. É com base nela que aprendemos a interagir com os outros e a desempenhar os nossos papéis sociais.
André Furtado, 6º ano