(Mt 13,1-23) III: Concede-me acreditar para além das aparências.

Concede-me acreditar para além das aparências

 

Senhor concede-me o dom da confiança
que espera tudo da tua misericordiosa paciência.

Quando a profundidade do meu pecado me desespera,
concede-me acreditar que Tu não renuncias nunca
a semear na lama da minha mediocridade.

Quando o sofrimento me abate,
concede-me acreditar que Tu aí semeias uma secreta
fecundidade.

Quando a morte me faz meter medo,
concede-me acreditar que o grão que morre
é semente de uma nova espiga de trigo.

Quando a infelicidade dos oprimidos me revolta,
concede-me acreditar que o combate pela justiça
é semente de vitória e de liberdade.

Quando a dúvida me paralisa,
concede-me acreditar
que as nuvens não impedem o sol de brilhar.

Quando a tua Igreja é infiel à tua missão,
concede-me acreditar
que tu semeias mesmo no coração das nossas contradições.

Quando o homem não pensa senão na rentabilidade,
concede-me acreditar nos frutos escondidos da santidade.

Quando nas nossas cidades a vida parece petrificada,
concede-me acreditar na força da flor
que cresce entre dois empedrados.

Quando o barulho do canhão abafa o grito dos feridos,
concede-me acreditar
que Tu semeias, de novo, desejos de paz.

Senhor, concede-me o dom da confiança
a fim de que eu creia que nada nem ninguém
jamais poderá abafar totalmente
as sementes da vida e do Amor;
estas sementes que, pela tua morte e ressurreição,
tu semeaste na nossa terra.

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