Quanta capacidade tenho de reconhecer a novidade que me rodeia? Parece estranha esta interrogação. Todavia é densa no seu significado, e exige uma profunda introspeção, uma capacidade de denotar as evidências que nos rodeiam. O que é a novidade? Como a posso identificar?
A novidade não se define por dicionário ou glossário, a novidade encontra-se no Evangelho. Ele guia a minha vida por caminhos de Luz e de Justiça, pelos caminhos que Jesus, verbo de Deus incarnado, veio revelar ao mundo. Assim não é tanto o que é, ou como identifico a novidade, mas como me comporto com ela, diante de inúmeros dilemas e circunstâncias que exigem do cristão uma atitude positiva, justa e imparcial, resumindo, à luz do Evangelho.
Outro código moral não seria necessário se nos amássemos sem medida, se a nossa vida fosse de facto vivida sem constrangimentos e preconceitos ou estereótipos que criámos, alguns subconscientemente, e que destroem a nossa capacidade de agir no mundo. Tudo isto que discorro agora é extremamente utópico e apenas reflexivo. No entanto, existiram homens como nós que conseguiram, no seu tempo, descobrir, refletir e responder à novidade, e muitos deles estão hoje nos altares, outros não tiveram tanta honra mas são também dignos de tal. Há muitos mais santos do que os que a Igreja canonizou, e por isso celebramos a solenidade de Todos os Santos, como horizonte e esperança de uma santidade que todos podemos construir e alcançar. Cabe a cada um, na sua medida, realizar o Reino aqui e agora, respondendo e fazendo atual a novidade evangélica no seu meio.
O que leva um jovem a seguir o caminho do sacerdócio e a queres tornar presente no mundo esta novidade? De entre muitas coisas, esta exigência de quer fazer do mundo um lugar melhor, um lugar onde a mensagem de Jesus se faça presente todos os dias. A semana dos seminários de 2020 ressalva o chamamento de Jesus para que o sigam, e este seguimento implica muitas escolhas, que têm de se refletir na vida e no testemunho de quem Ele escolhe. Quando cada vez mais, a mensagem de Jesus e o próprio Cristianismo, veem-se abalroados pelo relativismo, pelo ateísmo e por outras correntes filosóficas, politicas e sociais que o tentam dizimar, é requerido que os cristãos tenham a devida fortaleza do Espirito para responder e agir neste contexto social tão conturbado como o atual. Todavia, não se entenda que estamos em guerra, ou que é preciso combater ferozmente tais correntes, urge sim iluminar as mentes e as consciências para que cada um de nós, à luz do Espirito e da Palavra. Quando os homens perdem a noção do sagrado, como se pode restabelece–la? E outras questões pertinentes e atuais, sobre a ação pastoral da Igreja no mundo e a sua ação missionária, quem parece ser tão necessária de novo como há séculos, poderiam ser levantadas e resolvidas no coração de cada crente. Muito ainda nos falta por o Evangelho em prática, muito mesmo.
É uma missão de todos, de toda a Igreja, de todos os seus membros. Revelar a novidade de Cristo a um mundo que se quer esquecer de Deus, ou onde alguns querem que este seja esquecido, exige cada vez mais o papel da Igreja, e de forma principal dos seus ministros, algo que se torna tão difícil. Que estes sentimentos iluminem os nossos corações de quem quer seguir Jesus, e que Ele nos ajude neste nobre serviço. Ele deixou-nos tudo. Basta praticá-lo!
Rui Soares
4º Ano