Há-de ser sempre o Padre Júlio, um pai

Seminarista do Faial recorda o sacerdote que o inspirou na sua caminhada vocacional

À pergunta se tivesse que definir Monsenhor Júlio da Rosa, o Seminarista Pedro Lima, que em janeiro vai ser ordenado diácono com vista à ordenação sacerdotal no verão, respondeu “um pai”.

“Se calhar é um pouco forte mas é o que ele é para mim e julgo que para todos. Cresci com ele. Para os meus avós, os meus pais e para mim e os da minha geração que viviam nas Angústias, o Pe Júlio há de ser sempre a referência do padre, nascemos com ele e vivemos com ele sempre”, disse ao Sítio Igreja Açores esta manhã Pedro Lima, natural do Faial, a frequentar o sexto ano do Seminário Episcopal de Angra.

Entre o aeroporto das lajes, na ilha Terceira e o do Faial, há uma distância de meia hora de voo, mas um imenso oceano de emoções que o jovem não consegue esconder.

“Desculpe mas estou meio nervoso, afinal este ano era o da minha ordenação e ele devia estar ao meu lado, já tínhamos falado sobre isso no verão” lembra Pedro Lima.

“Não podia estar mais triste com esta notícia. Era uma pessoa que me dizia muito, nunca me falhou. Se estou onde estou a ele devo, e por isso, no momento em que me preparo para ser ordenado gostava que estivesse comigo”, acrescenta.

Pedro Lima , que é natural da paróquia das Angústias, que Monsenhor Júlio da Rosa, falecido esta noite depois de várias complicações cardíacas, serviu durante 62 anos, frisa ainda o homem de cultura e, sobretudo de “enorme espiritualidade”.

“Ele era Monsenhor, mas toda a gente o tratava por Pe Júlio, e é assim que há de continuar a ser conhecido, era um homem muito atento às necessidades e aos problemas dos mais jovens e do mundo. Apesar da sua idade avançada, acordava muito cedo para rezar e meditar. Era uma pessoa de uma enorme espiritualidade”, diz ainda o seminarista.

Pedro Lima recorda, de resto, a última carta que lhe escreveu quando foi instituído há um ano como leitor.

Além das felicitações habituais “destacou que sempre percebeu que este iria ser o meu caminho e por isso nunca me largou”, recorda o jovem emocionado que durante o verão viu-o na sua casa de férias no Pico onde “já estava cansado e um pouco mais diminuído; mas sempre afável e bem disposto”, sublinha Pedro Lima.

O Corpo de Monsenhor Júlio da Rosa vai estar em câmara ardente até amanhã às 9h00, altura em será celebrada uma missa seguida do funeral até ao cemitério do Carmo, no Faial.

 

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