Passaram-se seis anos e concluo os meus estudos no Seminário Episcopal de Angra. Termino esta fase importante da minha caminhada vocacional, desde Setembro de 2010 até Junho deste ano como aluno na instituição que entre nós é conhecida como “Casa Santa e Mimosa de Deus”.
Num artigo acerca dos 153 anos (2015) do Seminário, no sítio Igreja-Açores, defini-o como “casa, família e escola”. É a casa que nos acolhe e torna-se família, é o albergue daqueles que “sonham mais alto” e optam por Jesus. Nesta casa de família, tal como todas as outras, encontramos colegas/irmãos com os quais nos identificamos e gostamos, outros menos. No entanto, aprendemos a lidar com as diferenças e com os outros, na compreensão e no altruísmo. A par disso, no Seminário de Angra podemos conhecer as restantes ilhas sem irmos lá, pois encontramos uma grande diversidade de origens, culturas, tradições, para não falar de sotaques.
O Seminário é escola, não só teológica/académica mas, sobretudo, humana. Aprendemos a crescer e amadurecer, é a “tropa” que nos faz homens livres e maduros, à semelhança dos Apóstolos que seguiam e eram ensinados pelo próprio Mestre. O Pedro Lima que em 2010 ingressou no Seminário, tímido, cresceu interiormente e foi ganhando coragem e entusiasmo para servir com mais audácia a Jesus. E quando penso nisto e observo a evolução da minha caminhada, vejo que esta foi apenas uma etapa e que muitas outras tenho pela frente, como o horizonte que não tem fim.
A minha caminhada vocacional começou muitos antes do Seminário, mas foi nesta casa que aprendi a discernir e coloquei dúvidas – ainda hoje coloco – e pergunto-me “porquê eu?”. Mudei muito a forma de ser, incluindo a própria concepção de ver a figura do padre. Deus chama-me tal como sou, com as minhas limitações e capacidades, com os meus defeitos e vontade, porque confia em mim e precisa de mim.
Qualquer jovem que sente algum chamamento até pode colocar a possibilidade do Seminário. Aqui nós vamos aprendendo a amar a vocação, a sentir com mais calor o Jesus vivo que chama e, no meio das dúvidas e incertezas – “Serei eu capaz?” – algo me diz: “Segue-me!”.
Concluindo, os seminaristas, por ocasião dos 150 anos do Seminário, representaram um teatro (São poucos os escolhidos, de Álamo de Oliveira), que a certa altura cantava: “Aqui a gente sonha com Cristo amigo, Aqui a gente ama o mundo inteiro, Aqui a gente canta a paz contigo, Aqui o sonho é verdadeiro”.
Diác. Pedro Lima