Deixar-me ir…
Quero embalar-me nos teus braços,
sentir que Te sinto.
Simplesmente ir…
Sentir-me preso na tua liberdade,
Querer ser o que queres que eu seja.
Então quando a noite descer, poderei fechar tranquilamente
a janela da alma, porque sei que habitas em mim.
Quero simplesmente deixar-me ir.
Mergulhar nesse oceano de amor,
Nesse poço de misericórdia que és Tu.
Num sentido figurado, poesia é tudo aquilo que comove, que sensibiliza e desperta sentimentos. É qualquer forma de arte que inspira e encanta, que é sublime e bela. Mais do que um género literário caracterizado pela composição em versos estruturados de forma harmoniosa é uma manifestação de beleza e estética retratada pelo poeta em forma de palavras. A palavra “poema” deriva do verbo grego “poein” que significa “fazer, criar, compor”. Quem escreve poesia sente-se artesão de palavras. É tecer uma e outra palavra até exteriorizar o mais escondido pensamento. Há quem diga que não consegue “ pôr cá para fora” o que sente. O poeta não se preocupa com isso. Todas as questões psicológicas para ele se resolvem com um cantinho de papel e um lápis. A poesia sempre me tem acompanhado desde estudante na escola pública como agora nesta nossa Casa, e às vezes remexendo em antigos papéis vejo versos que escrevi e que marcam a minha história de vida. Pessoas que nos marcam… quedas que nos levantam…
Apaixona-me a chamada poesia moderna, a poesia de rima solta. Escrever frases encadeadas por sentimento e não por métrica e rima é uma das minhas paixões na escrita. Sinto que o pulsar é que compõe todo o poema. A mão não mais que o lápis da alma! A nossa caminhada é marcada por histórias, gentes, espaços e ocasiões. Uns seduzidos pela música, outros pela escrita, etc. e eu pela poesia. Não a deixei atrás quando me aventurei nesta entrega ao Senhor da Messe, Ele aceita-nos sempre como somos. Encontro aqui uma interessante ponta para o novelo da minha espiritualidade. Termino com uma expressão do grande Rabindranath Tagore que me marca na minha caminhada vocacional.
“A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas.”
Aurélio Sousa