Pastoral Vocacional

 

SEMANA NACIONAL DOS SEMINÁRIOS – 2015

OLHOU-OS COM MISERICÓRDIA…

A Semana Nacional dos Seminários ocorre neste ano de 2015 pouco tempo antes do início do Ano Santo da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco como um ano jubilar de graça para a Igreja e para a humanidade. Em sintonia com a Igreja Universal, desejamos que o trabalho, a catequese e a oração pelas vocações sacerdotais, pelos seminários e pelos sacerdotes nasçam da certeza de que Deus é misericordioso com todos os seus filhos.

 

A caraterística fundamental do agir de Deus é a misericórdia, como nos revela a Escritura, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Toda a História da Salvação e cada uma das ações de Deus que dela fazem parte estão ao serviço da salvação da humanidade, podendo dizer-se que se trata da história da misericórdia de Deus com os homens. Ao dizer que Deus é amor, São João reafirma a centralidade da misericórdia na revelação feita por Jesus, Aquele que pelas suas palavras e ações nos deu a conhecer quem é Deus e como é Deus.

A Igreja fundada por Jesus Cristo é chamada a dar corpo ao desejo misericordioso de Deus de salvar toda a humanidade, em todos os tempos da história. Por meio do anúncio do Evangelho, da celebração do memorial da morte e ressurreição do Senhor, da comunhão da comunidade animada pelo Espírito Santo, a Igreja perpetua no tempo o mistério de Cristo Salvador, que verdadeiramente realiza a obra de Deus.

Deus, atento aos seus filhos, olha-os com misericórdia infinita, conhece cada um com as suas necessidades e anseios, ama cada pessoa com um amor único, tal como o pai ama cada um dos seus filhos. As suas entranhas comovem-se de misericórdia por todos, mas n’Ele há uma especial predileção pelos pobres, pelos doentes, pelos perdidos e pelos pecadores, aos quais procura incessantemente, pois quer acolhê-los com um abraço mais apertado, para que sintam a força do seu amor que reconcilia e salva.

 

A vocação sacerdotal nasce do coração misericordioso de Deus, que olha para os seus filhos e escolhe alguns para que sacramentalmente sejam configurados com Jesus Cristo, Pastor e Cabeça da Igreja.

Os Evangelhos apresentam Jesus que passa pelos mais variados lugares onde se desenvolve a vida humana, olha com predileção para alguns, escolhe-os e chama-os para O seguirem. Sem explicações que satisfaçam a sua admiração e sem argumentos que respondam às suas interrogações, mas somente porque se sentiram tocados pelo seu amor misericordioso, deixaram tudo e seguiram-n’O.

No caso de Mateus, o cobrador de impostos, é ainda mais notória a atitude de Jesus, que olha com misericórdia para um homem considerado por todos como pecador e faz dele um discípulo (cf. Mt 9, 9-13). Nesse ato revela plenamente o coração de Deus que envia o seu Filho para os pecadores e doentes, isto é para os que precisam de perdão, de cura e de salvação.

O sacerdote, homem chamado e escolhido de entre os outros homens, é fruto do olhar misericordioso de Jesus, que quer salvar a todos. Não se trata de alguém perfeito, irrepreensível e santo, mas de alguém para quem o Senhor olhou com misericórdia, sem explicação nem motivação compreensíveis.

A vocação sacerdotal somente se compreende no contexto deste mistério do amor de Deus, que não se explica nem se justifica, mas que simplesmente se manifesta.

 

Os seminaristas, desejosos de conhecer o mistério da sua vocação, entrem no mistério do amor de Deus pela humanidade e por si mesmos, sintam-se sinceramente pecadores e doentes como todos os outros homens, e darão infinitas graças a Deus por os eleger e chamar a partilhar a grandeza da Sua companhia.

Aos jovens convidamos a entrar na contemplação do rosto misericordioso de Deus que os escolhe e os chama. Aceitem humildemente a sua condição de pecadores e necessitados da misericórdia de Deus e ela manifestar-se-á como fonte de perdão e de salvação. Muitos sentirão o apelo a andar com o Senhor e a aprender d’Ele, conhecerão a vocação a que os chama e terão alegria e coragem para a seguir fielmente, porque quando alguém se deixa tocar pelo olhar misericordioso de Jesus, torna-se disponível para ficar com Ele para sempre.

 

Senhor Jesus,

Ao passares junto a nós,

Olhas-nos com misericórdia,

Chamas-nos e escolhes-nos.

Concede-nos a graça de, seduzidos,

Nos erguermos para Te seguir.

Que o Teu olhar misericordioso

Dê, aos sacerdotes, a fidelidade,

Aos seminaristas, amor à vocação,

Aos jovens, alegria para o caminho.

Senhor Jesus,

concede a toda a Igreja,

felizes e santas vocações sacerdotais.

Ámen

 

Coimbra, 25 de setembro de 2015

Virgílio do Nascimento Antunes

 

Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios

Alunos de EMRC participam em workshop

Alunos de EMRC participam em workshop

 

Iniciativa juntou cerca de 200 pessoas no Seminário

Cerca de 200 pessoas, entre alunos e professores da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, da ilha Terceira, participaram ontem num workshop vocacional promovido pelo Seminário Episcopal de Angra, numa parceria entre os serviços diocesanos da Pastoral Vocacional e Evangelização e Catequese.

A iniciativa, no âmbito da Quinzena Vocacional da Diocese, teve vários momentos distintos. Começou com uma visita às instalações do Seminário, seguindo-se uma palestra pela professora de Psicologia do Seminário que falou sobretudo da questão vocacional e da forma como ela deve ser colocada nesta idade.

Os alunos frequentam o nono ano de escolaridade e estão no fim de um ciclo escolar onde vão ter de optar por uma área especifica.
Após a palestra houve uma série de questões colocadas aos Seminaristas preparadas pelos alunos que maioritariamente vieram da Praia da Vitória.

Da parte da tarde e, após um “almoço partilhado”, os jovens foram divididos em grupos e visitaram três Igrejas da cidade: a Sé, a da Misericórdia e a do Colégio.

A acompanhar a iniciativa estiveram os dois responsáveis diocesanos pelos serviços, Cónegos Helder Miranda Alexandre e António Henrique Pereira.

(Com  a colaboração de Nuno Pacheco de Sousa)

 

52ª Jornada de Oração pelas Vocações

A Santa Sé

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA O 52º DIA MUNDIAL

DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(26 de Abril de 2015 – IV Domingo de Páscoa)

Tema: «O êxodo, experiência fundamental da vocação

Amados irmãos e irmãs!

O IV Domingo de Páscoa apresenta-nos o ícone do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas,

chama-as, alimenta-as e condu-las. Há mais de 50 anos que, neste domingo, vivemos o Dia

Mundial de Oração pelas Vocações. Este dia sempre nos lembra a importância de rezar para que

o «dono da messe – como disse Jesus aos seus discípulos – mande trabalhadores para a sua

messe» (Lc 10, 2). Jesus dá esta ordem no contexto dum envio missionário: além dos doze

apóstolos, Ele chamou mais setenta e dois discípulos, enviando-os em missão dois a dois (cf. Lc

10,1-16). Com efeito, se a Igreja «é, por sua natureza, missionária» (Conc. Ecum. Vat. II., Decr.

Ad gentes, 2), a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão. Assim, ouvir

e seguir a voz de Cristo Bom Pastor, deixando-se atrair e conduzir por Ele e consagrando-Lhe a

própria vida, significa permitir que o Espírito Santo nos introduza neste dinamismo missionário,

suscitando em nós o desejo e a coragem jubilosa de oferecer a nossa vida e gastá-la pela causa

do Reino de Deus.

A oferta da própria vida nesta atitude missionária só é possível se formos capazes de sair de nós

mesmos. Por isso, neste 52º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, gostaria de reflectir

precisamente sobre um «êxodo» muito particular que é a vocação ou, melhor, a nossa resposta à

vocação que Deus nos dá. Quando ouvimos a palavra «êxodo», ao nosso pensamento acodem

imediatamente os inícios da maravilhosa história de amor entre Deus e o povo dos seus filhos,

uma história que passa através dos dias dramáticos da escravidão no Egipto, a vocação de

Moisés, a libertação e o caminho para a Terra Prometida. O segundo livro da Bíblia – o Êxodo –

que narra esta história constitui uma parábola de toda a história da salvação e também da

dinâmica fundamental da fé cristã. Na verdade, passar da escravidão do homem velho à vida

nova em Cristo é a obra redentora que se realiza em nós por meio da fé (Ef 4, 22-24). Esta

passagem é um real e verdadeiro «êxodo», é o caminho da alma cristã e da Igreja inteira, a

orientação decisiva da existência para o Pai.

Na raiz de cada vocação cristã, há este movimento fundamental da experiência de fé: crer

significa deixar-se a si mesmo, sair da comodidade e rigidez do próprio eu para centrar a nossa

vida em Jesus Cristo; abandonar como Abraão a própria terra pondo-se confiadamente a

caminho, sabendo que Deus indicará a estrada para a nova terra. Esta «saída» não deve ser

entendida como um desprezo da própria vida, do próprio sentir, da própria humanidade; pelo

contrário, quem se põe a caminho no seguimento de Cristo encontra a vida em abundância,

colocando tudo de si à disposição de Deus e do seu Reino. Como diz Jesus, «todo aquele que

tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá

cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt 19, 29). Tudo isto tem a sua raiz mais

profunda no amor. De facto, a vocação cristã é, antes de mais nada, uma chamada de amor que

atrai e reenvia para além de si mesmo, descentraliza a pessoa, provoca um «êxodo permanente

do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma,

para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus» (Bento XVI, Carta enc.

Deus caritas est, 6).

A experiência do êxodo é paradigma da vida cristã, particularmente de quem abraça uma

vocação de especial dedicação ao serviço do Evangelho. Consiste numa atitude sempre

renovada de conversão e transformação, em permanecer sempre em caminho, em passar da

morte à vida, como celebramos em toda a liturgia: é o dinamismo pascal. Fundamentalmente,

desde a chamada de Abraão até à de Moisés, desde o caminho de Israel peregrino no deserto

até à conversão pregada pelos profetas, até à viagem missionária de Jesus que culmina na sua

morte e ressurreição, a vocação é sempre aquela acção de Deus que nos faz sair da nossa

situação inicial, nos liberta de todas as formas de escravidão, nos arranca da rotina e da

indiferença e nos projecta para a alegria da comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso,

responder à chamada de Deus é deixar que Ele nos faça sair da nossa falsa estabilidade para

nos pormos a caminho rumo a Jesus Cristo, meta primeira e última da nossa vida e da nossa

felicidade.

Esta dinâmica do êxodo diz respeito não só à pessoa chamada, mas também à actividade

missionária e evangelizadora da Igreja inteira. Esta é verdadeiramente fiel ao seu Mestre na

medida em que é uma Igreja «em saída», não preocupada consigo mesma, com as suas próprias

estruturas e conquistas, mas sim capaz de ir, de se mover, de encontrar os filhos de Deus na sua

situação real e compadecer-se das suas feridas. Deus sai de Si mesmo numa dinâmica trinitária

de amor, dá-Se conta da miséria do seu povo e intervém para o libertar (Ex 3, 7). A este modo de

ser e de agir, é chamada também a Igreja: a Igreja que evangeliza sai ao encontro do homem,

2

anuncia a palavra libertadora do Evangelho, cuida as feridas das almas e dos corpos com a graça

de Deus, levanta os pobres e os necessitados.

Amados irmãos e irmãs, este êxodo libertador rumo a Cristo e aos irmãos constitui também o

caminho para a plena compreensão do homem e para o crescimento humano e social na história.

Ouvir e receber a chamada do Senhor não é uma questão privada e intimista que se possa

confundir com a emoção do momento; é um compromisso concreto, real e total que abraça a

nossa existência e a põe ao serviço da construção do Reino de Deus na terra. Por isso, a

vocação cristã, radicada na contemplação do coração do Pai, impele simultaneamente para o

compromisso solidário a favor da libertação dos irmãos, sobretudo dos mais pobres. O discípulo

de Jesus tem o coração aberto ao seu horizonte sem fim, e a sua intimidade com o Senhor nunca

é uma fuga da vida e do mundo, mas, pelo contrário, «reveste essencialmente a forma de

comunhão missionária» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 23).

Esta dinâmica de êxodo rumo a Deus e ao homem enche a vida de alegria e significado. Gostaria

de o dizer sobretudo aos mais jovens que, inclusive pela sua idade e a visão do futuro que se

abre diante dos seus olhos, sabem ser disponíveis e generosos. Às vezes, as incógnitas e

preocupações pelo futuro e a incerteza que afecta o dia-a-dia encerram o risco de paralisar estes

seus impulsos, refrear os seus sonhos, a ponto de pensar que não vale a pena comprometer-se e

que o Deus da fé cristã limita a sua liberdade. Ao invés, queridos jovens, não haja em vós o medo

de sair de vós mesmos e de vos pôr a caminho! O Evangelho é a Palavra que liberta, transforma

e torna mais bela a nossa vida. Como é bom deixar-se surpreender pela chamada de Deus,

acolher a sua Palavra, pôr os passos da vossa vida nas pegadas de Jesus, na adoração do

mistério divino e na generosa dedicação aos outros! A vossa vida tornar-se-á cada dia mais rica e

feliz.

A Virgem Maria, modelo de toda a vocação, não teve medo de pronunciar o seu «fiat» à chamada

do Senhor. Ela acompanha-nos e guia-nos. Com a generosa coragem da fé, Maria cantou a

alegria de sair de Si mesma e confiar a Deus os seus planos de vida. A Ela nos dirigimos pedindo

para estarmos plenamente disponíveis ao desígnio que Deus tem para cada um de nós; para

crescer em nós o desejo de sair e caminhar, com solicitude, ao encontro dos outros (cf. Lc 1, 39).

A Virgem Mãe nos proteja e interceda por todos nós.

Vaticano, 29 de Março – Domingo de Ramos – de 2015.

Franciscus PP.

 

CEVM-Vocacoes2015-cartazA4.pdf (1074833)

CEVM-Vocacoes2015-GUIAO.pdf (3439800)

CEVM-Vocacoes2015-pagela.pdf (530476)

CARTAZ_VOC.pdf (1297136)

 

 

 

Semana dos Seminários 2014

A todos os párocos, comunidades e agentes de pastoral

De 9 a 16 de Novembro, celebramos a Semana dos Seminários com o tema: “Servidores da alegria do Evangelho”.

D. Virgílio Antunes escreveu na sua nota pastoral que “nesta Semana dos Seminários, reafirmamos a nossa certeza de que o caminho da Igreja é o caminho da alegria do Evangelho, ou seja, o caminho de Cristo, que transforma as dores da humanidade, a tristeza, o desespero e a morte, em nova aurora de vida, de esperança e de alegria”.

A realidade do nosso Seminário é bem conhecida de todos. Contamos apenas com 17 seminaristas neste ano letivo, mas com esperança de que o número vai aumentar. Pretendemos dar a conhecê-los num cartaz que testemunha a sua ligação com o testemunho da alegria do Evangelho e faz eco do ardor apostólico da Exortação do Papa Francisco. Por isso, é igualmente uma mensagem muito nossa que nos coresponsabiliza pelo nosso Seminário. Mais do que nunca necessitamos da colaboração de todas as comunidades e párocos, especialmente da oração e da ajuda material. A formação nesta Instituição não pode ser suportada só por parte da Igreja que está nos Açores. Abandonemos igualmente as críticas destrutivas!

Recordamos as palavras do nosso Bispo: “É uma ocasião propícia, para consolidar todo o nosso apoio e ação em prol das vocações aos ministérios sagrados. Nos dois últimos anos, entraram seminaristas só de S. Miguel: 10. Há ilhas que há anos não têm seminaristas.  Não podemos desfalecer, para fazer o que estiver ao nosso alcance, para sermos instrumentos fiéis e eficazes do Senhor que continua a chamar.”

O Papa Francisco desperta igualmente a nossa missão: “Em muitos lugares, há́ escassez de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Frequentemente isso fica-se a dever à falta de ardor apostólico contagioso nas comunidades, pelo que estas não entusiasmam nem fascinam. Onde há́ vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas. Mesmo em paróquias onde os sacerdotes não são muito disponíveis nem alegres, é a vida fraterna e fervorosa da comunidade que desperta o desejo de se consagrar inteiramente a Deus e à evangelização, especialmente se essa comunidade vivente reza insistentemente pelas vocações e tem a coragem de propor aos seus jovens um caminho de especial consagração” (Evangelii Gaudium, 107).

Depende de todos fazer do Seminário de Angra o coração da Diocese, testemunhar e pedir ao Senhor que envie operários para a sua Messe!

 

Com Maria, Modelo de Vocação,

A todos bem hajam!

O reitor

P. Hélder Miranda Alexandre

Todos somos responsáveis pelas vocações sacerdotais

41. A vocação sacerdotal é um dom de Deus, que constitui certamente um grande bem para aquele que é o seu primeiro destinatário. Mas é também um dom para a Igreja inteira, um bem para a sua vida e missão. A Igreja, portanto, é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais. Em consequência disso, a pastoral vocacional tem como sujeito activo, como protagonista, a comunidade eclesial enquanto tal, nas suas diversas expressões: da Igreja universal à Igreja particular, e, analogamente, desta à paróquia e a todas as componentes do Povo de Deus.

É grande a urgência, sobretudo hoje, que se difunda e se radique a convicção de que todos os membros da Igreja, sem excepção, têm a graça e a responsabilidade do cuidado pelas vocações. O Concílio Vaticano II é explícito, ao afirmar que “o dever de fomentar as vocações sacerdotais pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamentente cristã” . Só na base desta convicção, a pastoral das vocações poderá manifestar o seu rosto verdadeiramente eclesial, desenvolvendo uma acção concorde, servindo-se também de organismos específicos e de adequados instrumentos de comunhão e de corresponsabilidade.

A primeira responsabilidade da pastoral orientada para as vocações sacerdotais é do Bispo, que é chamado a vivê-la em primeira pessoa ainda, que possa e deva suscitar múltiplas colaborações. Ele é pai e amigo no seu presbitério, e é sua, antes de mais, a solicitude de “dar continuidade” ao carisma e ao ministério presbiteral, associando-lhe novos efectivos pela imposição das mãos. Ele cuidará que a dimensão vocacional esteja sempre presente em todos os âmbitos da pastoral ordinária, melhor, seja plenamente integrada e como que identificada com ela. Cabe-lhe a tarefa de promover e coordenar as várias iniciativas vocacionais.

O Bispo sabe que pode contar, em primeiro lugar, com a colaboração do seu presbitério. Todos os sacerdotes são solidários com ele e corresponsáveis na procura e promoção das vocações presbiterais. De facto, como afirma o Concílio, “cabe aos sacerdotes, como educadores da fé, cuidar por si, ou por meio de outros, para que cada fiel seja levado, no Espírito Santo, a cultivar a própria vocação “. É esta “uma função que faz parte da própria missão sacerdotal, em virtude da qual o presbítero é feito participante da solicitude de toda a Igreja, para que jamais faltem na terra operários para o Povo de Deus” (116). A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal -, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo factor de fecundidade vocacional.

Uma responsabilidade particularíssima está confiada à família cristã que, em virtude do sacramento do matrimónio, participa, de modo próprio e original, na missão educativa da Igreja mestra e mãe. Como disseram os Padres sinodais, “a família cristã – que é verdadeiramente ‘como que a igreja doméstica’ (Lumen gentium, 11) – sempre ofereceu e continua a oferecer as condições favoráveis para o desabrochar das vocações. Porque a imagem da família cristã se encontra hoje em perigo, deve atribuir-se grande importância à pastoral familiar, de modo que as próprias famílias, ao acolher generosamente o dom da vida humana, sejam ‘como que o primeiro seminário’ (Optatam totius, 2) onde os filhos possam adquirir desde o início o sentido da piedade e da oração, e o amor à Igreja”. Em continuidade e sintonia com a obra dos pais e da família, deve colocar-se a escola, que é chamada a viver a sua identidade de “comunidade educadora” com uma proposta cultural também capaz de irradiar luz sobre a dimensão vocacional como valor conatural e fundamental da pessoa humana. Nesse sentido, se for oportunamente enriquecida de espírito cristão (seja através de significativas presenças eclesiais na escola estatal, segundo as várias leis nacionais, seja sobretudo no caso da escola católica), pode infundir no ânimo das crianças e dos jovens o desejo de cumprir a vontade de Deus no estado de vida mais idóneo para cada um, sem nunca excluir a vocação ao ministério sacerdotal”.

Também os leigos, em particular, os catequistas, professores, educadores, animadores da pastoral juvenil, cada um segundo os recursos e modalidades próprias, têm uma grande importância na pastoral das vocações sacerdotais: quanto mais aprofundarem o sentido da sua vocação e missão na Igreja, tanto melhor poderão reconhecer o valor e carácter insubstituível da vocação e da missão presbiteral.

No âmbito das comunidades diocesanas e paroquiais, são de estimar e promover aqueles grupos vocacionais cujos membros oferecem o seu contributo de oração e de sacrifício pelas vocações sacerdotais e religiosas, senão mesmo de sustento moral e material.

Deveremos recordar aqui também os grupos, movimentos e associações de fiéis leigos que o Espírito Santo faz surgir e crescer na Igreja, em ordem a uma presença cristã mais missionária no mundo. Estas diversas agregações de leigos estão-se revelando como campo particularmente fértil para a manifestação de vocações consagradas, verdadeiros e próprios lugares de proposta e de crescimento vocacional. Muitos jovens, de facto, precisamente no âmbito e graças a estes grupos, advertiram o chamamento do Senhor a segui-Lo no caminho do sacerdócio ministerial e responderam com reconfortante generosidade. São, portanto, de valorizar, para que, em comunhão com toda a Igreja e para seu crescimento, dêem o seu específico contributo para o desenvolvimento da pastoral vocacional.

As várias componentes e os diversos membros da Igreja empenhados na pastoral vocacional tornarão tanto mais eficaz a sua obra quanto mais estimularem a comunidade eclesial como tal, a começar pela paróquia, a sentir que o problema das vocações sacerdotais não pode ser minimamente delegado em alguns “encarregados” (os sacerdotes em geral, e mais especialmente os sacerdotes dos seminários), porque, sendo “um problema vital que se coloca no próprio coração da Igreja”, deve estar no centro do amor de cada cristão pela Igreja.

João Paulo II, Pastores dabo vobis, 41

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